Um calor de brasa acesa - esta é a primeira imagem que me vem à mente ao pensar nesta fragrância. É corajosa, é grande e superlativa. Isso porque difere de todas as tendências de mercado nacional, em sua ousadia de combinar poucas notas em uníssono. Oud, íris e madeira - só.
Tem algo animálico e enfumaçado, um aroma humano e carnal, sexy mesmo, sem nenhuma pretensão de ser ingênuo ou inocente, é sedução escancarada e puramente boudoir. Essa ousadia precisa de ambiente e ocasião para ser revelada, como a própria proposta da linha S da Eudora. São produtos voltados à arte de seduzir, de usar a dois.
Abre em oud, forte, impactante - quase masculino. Tem alma resinosa, quente, como vela escorrendo e vapores abafados. A primeira borrifada pode assustar, porque não faz nenhum devaneio ao seu destino, o recado é dado logo de cara.
É uma sedução de roupa espalhada pelo chão, aquelas cenas de filme bem exageradas que o casal não consegue esperar e vai loucamente se esparramando pelo caminho, que borra batom, que saltam botões e tudo vira um emaranhado de pele. Não é lingerie preta e pérolas, não tem espera e joguinhos de sedução, não tem lençóis de cetim e meia luz, está mais para um ritual de acasalamento digno de Discovery Channel - só que entre quatro paredes.
Tem um patchouli 'sujo' ali, ah se tem. Úmido, terroso, suado e orgânico. Flor viva - ora, o que é a flor se não um receptáculo fértil em sua função reprodutiva? Fumaça, calor, madeira seca e íris talcada. Humano e febril.
Talvez a sua ousadia o tenha tirado dos catálogos - corri garantir o meu assim que soube que sairia de linha. Mas quem sabe a Eudora não resolve fazer um revival, hein?
Fixação excelente graças à sua alma resinosa, projeção intensa nos primeiros momentos que se mantém ao longo de 9 horas ou mais.
Touch me like you do!